A CASA DO SERVIDOR DA JUSTIÇA

Servidores aposentados – legado e dedicação a serviço da Justiça

“O surgimento do SINDJUSTIÇA foi uma luz na escuridão da vida do Servidor.” Com essa frase, Gilberto Barros Vieira, oficial de justiça aposentado de 68 anos, sintetiza o que representou, para ele e para toda a categoria, a fundação do Sindicato, em 1989. Em 2024, o SINDJUSTIÇA completa 35 anos de história. E se é para falar de história, nada melhor do que conversar com quem fez essa história acontecer: nossos colegas aposentados e aposentadas.

Hoje, dia 17 de junho, comemora-se o Dia do Servidor Público Aposentado. Aproveitando a data, conversamos com alguns Servidores Filiados ao Sindicato para que a gente consiga ter uma dimensão do contexto em torno do surgimento da entidade e o que ela representou nas vidas desses colegas que, hoje, buscam colher, com dignidade, os frutos semeados em uma vida inteira dedicada ao Poder Judiciário.

Gilberto Barros Vieira

Fundação
Gilberto aposentou-se em 2019 após 43 anos de serviços prestados ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). Ele não só participou, como lutou muito pela fundação do SINDJUSTIÇA. Ele se lembra de ter sido criada, primeiro, uma associação dos oficiais de justiça. Porém, logo ficou claro que eles precisavam ter mais força. Então teve início o trabalho de convencimento dos colegas da época da necessidade de que o SINDJUSTIÇA se tornasse uma realidade.

“As mudanças vieram rapidamente. Saímos de um vencimento de 2 salários mínimos, para um 30 vezes maior, graças à luta do Sindicato.” Antes do SINDJUSTIÇA, “era como se fôssemos Servidores de segunda categoria. Depois, já participando da diretoria do Sindicato, eu passava a mão no telefone e conversava até com o governador”, lembra. “O Judiciário era dividido, as carreiras não se entendiam. Por isso digo que o SINDJUSTIÇA foi uma luz na escuridão.”

Outros tempos
O aposentado trabalhou em uma tempo em que mandados judiciais eram cumpridos a cavalo, em ruas sem asfalto e em uma capital de pouco mais de 200 mil habitantes. “Era um outro tempo. Hoje vejo o quanto tudo mudou. Os oficiais de justiça fazem tudo de forma digital, as cidades e o estado são divididos por regiões, os deslocamentos ficaram muito mais fáceis e o até mesmo os vencimentos melhoraram demais”, destaca.

Agora, tem coisas do passado que Gilberto sente falta. “Em 1976, 19777, se casava a filha do juiz, todo mundo ia na festa. Conhecíamos cada magistrado, promotor, delegado. Hoje, ninguém conhece ninguém, é cada um por si. Hoje há um distanciamento muito grande entre juízes e Servidores, muitos deles sequer recebem os funcionários em seus gabinetes. Antes, não! Antes, o Judiciário era como uma família”, lembra.

Hoje, os dias de aposentadoria são dedicados especialmente à leitura (tornou-se um leitor voraz) e ao time do coração (Gilberto é torcedor do Verdão). É muito ligado às filhas, Ludmilla e Luana, à esposa, Luzia, com quem está casado há 44 anos, e à netinha, Ana, de 5 anos. É o vovô Gilberto que busca Ana na escola e topa todas as brincadeiras com a criança.

Alanita Costa Ramos

Alanita Costa Ramos
Foi em Campos Belos que a Escrevente Alanita Costa Ramos, de 68 anos, cumpriu seus quase 20 anos de prestação judiciária. Hoje, aposentada, ela lembra com saudade daquela “família”, como ela diz, construída com os colegas do fórum. “Era um ambiente excelente, de muito coleguismo e irmandade. Fiz muitos amigos no Judiciário”, conta, nomeando muitos deles.

Alanita também trabalhou na antiga máquina de escrever. Pegou a transição do físico para o digital e toda a novidade que essa mudança trouxe. Na época em que estava na ativa, atuava no cartório de família, sucessões, infância e juventude e no 1º juizado cível. “Trabalhava especialmente com causas relacionadas a menores infratores e a inventários.” Durante seus anos de trabalho, cerca de 10 juízes passaram pela comarca, tendo ela, inclusive, vivenciado situações de assédio moral no passado. “Foi muito triste, mas graças a Deus me aposentei sem qualquer inimizade.”

Ícaro Walter Antunes

Ícaro Walter Antunes
Sindicalista raiz. Assim foi Ícaro Walter Antunes, hoje com 66 anos, nos 27 em que ele trabalhou como Escrevente Judiciário na comarca de Anápolis. No ano seguinte à sua chegada, já participou de sua primeira greve, em 1993, já sindicalizado. Com o passar do tempo, só cresceu o seu interesse pelas lutas sindicais, tendo ele participado de uma das gestões do SINDJUSTIÇA como Diretor para Assuntos do Interior e dedicado boa parte do tempo de Judiciário à função de Delegado Sindical em Anápolis.

Em casa, Ícaro guarda com orgulho dezenas de recortes de jornais que contam um pouco da história de luta sua e dos colegas em busca de melhorias para a classe. “Em 2002, participei de uma das greves mais marcantes em todo o tempo. Foram 11 dias parados e muitos direitos conquistados”, frisa. “Lembro de ver o Ginásio Rio Vermelho completamente lotado. Foi assim que vieram as melhorias salariais.”

Ele lamenta que hoje os colegas Servidores do Judiciário se mostrem “sem vontade de lutar”. Segundo diz, os colegas não demonstram interesse em melhorar a carreira. “Os colegas da ativa têm muitos benefícios e não têm interesse na luta sindical. Porém, quando se aposentarem, perderão muitos deles. O auxílio-saúde dos aposentados, por exemplo, é 3 vezes menor que o benefício pago aos Servidores da ativa, o que é uma grande injustiça”, cita.

Hoje, vivendo a vida de Servidor aposentado, Ícaro sabe reconhecer o papel do SINDJUSTIÇA na vida dele e dos colegas. Em sua nova rotina, passa os dias em casa, com a família (a esposa Telma e os filhos Ewerton, Gustavo Henrique e Evellyn). Ler e assistir a filmes são suas distrações preferidas. E sempre que pode permanece em contato com o Sindicato, participando sempre das atividades propostas.

Lusaleni Santos Barbosa Moura

Lusaleni Santos Barbosa Moura

A vida de Lusaleni Santos Barbosa Moura, de 60 anos, é feita de vitórias coletivas, alcançadas junto à categoria dos Servidores do Judiciário, e particulares, como a que obteve em 2015, quando se curou do câncer. A doença trouxe medo e apreensão e, ainda, a aposentadoria compulsória, 16 anos depois de ingressar no Poder Judiciário na comarca de Barra do Garças. Foi em 2012, o ano em que também perdeu o pai, Rafael, e também ganhou o primeiro neto, Pedro Augusto, hoje com 11 anos. “Foi um tempo de perdas, mas também de renascimento”, relata.

Como escrivã, Lusaleni lembra que fazia de tudo na comarca. Foi um tempo de dificuldades. “A gente se dividia entre quem ia comprar fita para a máquina de escrever e quem ia comprar canetas para fazermos os registros todos”, relembra. “É gritante o quanto o Judiciário desenvolveu. Mas é preciso reconhecer que, sem o Sindicato, não teríamos chegado na realidade bem melhor de hoje”, afirma.

E Lusaleni é este Sindicato atuante descrito por ela. Ela conta que passou dias na frente da Assembleia Legislativa de Goiás, em greve, o que resultou em 21 dias de salário cortados. “Foi difícil sobreviver naquele mês, mas a gente não arredava o pé, colocava a cara mesmo. Nós Servidores éramos parte da luta e não ficávamos somente vendo as coisas acontecerem. A gente fazia acontecer.”

Hoje, porém, ela lamenta que os Servidores aposentados não tenham o reconhecimento que merecem. E, também, que os colegas mais jovens estejam tão acomodados. “Deviam pensar que também serão aposentados um dia. Deviam lutar por dias melhores e não esperar que somente o Sindicato o faça.” Lusaleni queria ter continuado a trabalhar, mas o câncer a impediu. “Hoje sou uma dona de casa comum, ajudo a cuidar dos netos e estou sempre vigilante com minha saúde”.


Fonte: Assessoria de Comunicação do SINDJUSTIÇA | Ampli Comunicação
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