VIDAS QUE INSPIRAM

Sebastião Amâncio conta histórias do Judiciário

Na cidade de Corumbá de Goiás, vive um homem cuja história se confunde com a própria evolução do Judiciário goiano no interior do estado. Rígido no trabalho, firme na fé, exigente na criação dos filhos, mas sempre leal, justo e amigo, características que marcaram Sebastião Amâncio da Luz na cidade e entre os colegas da Justiça. Filiado ao SINDJUSTIÇA, Sebastião Amâncio estreia essa série, “Vidas que Inspiram”, que contará um pouco da vida e do trabalho de homens e mulheres que construíram e constroem o Judiciário em Goiás.

“Eu era o Có, o cumpadi Có, depois virei Sebastião Amâncio.” Assim ele começa, com aquele jeitão simples de quem tem muito o que contar. Natural da zona rural entre Corumbá e Pirenópolis, mudou-se em 1969 para Corumbá de Goiás. No próximo dia 23 de julho, completa 74 anos e uma vida inteira de causos, lutas e conquistas.

Foi em 1973 que tudo mudou. Dono de bar, restaurante e armazém na cidade, Sebastião foi chamado pelo juiz da comarca para ser Oficial de Justiça ad hoc. “Aceitei, mas achei difícil demais. Tinha dia que andava 80 km, a cavalo ou a pé, pra entregar uma intimação.” Em um dos mandados escreveu “comprimento” com erro. “O juiz chamou a atenção. Fui lá dizer que não ia mais, não tinha nem remuneração. Mas ele mandou me chamar uns meses depois: ‘Vai continuar trabalhando!’”

Concurso

Ficou por 8 anos no cargo, sem receber salário. Mantinha o comércio e fazia as diligências. Um juiz novo chegou, viu a qualidade do serviço de Amâncio e disse: “Vou abrir concurso e você vai estudar. Não quero mais você como temporário.” Mesmo sem o segundo grau completo, contratou dois professores e estudou noite e dia. “Passei em primeiro lugar. Na prova oral, perguntaram 15 minutos seguidos. Já tinha até vencido o prazo, mas fiz bonito.”

Aprendeu datilografia, escrevia 80 palavras por minuto. Mesmo nomeado, demorava até seis meses para buscar o salário: “Era pouco demais. Mas aproveitava e almoçava no Forno de Barro, comia Peixe na Telha. A melhor comida que tinha!”

Sindicalismo

Sebastião ajudou a fundar o SINDJUSTIÇA. Antes, foi Vice-Presidente da Associação dos Oficiais de Justiça, mas preferiu atuar pelo Sindicato, a partir da sua fundação: “Fiz campanha, filiei gente em Corumbá, Pirenópolis, Anápolis… Sempre achei que o Sindicato valoriza o Servidor e que deveríamos ser uma só categoria.”

Aposentou em 2010, depois de conseguir na Justiça a averbação de seu tempo como ad hoc, um marco inédito. Logo depois foi homenageado pelo seu tempo de atuação no Tribunal de Justiça de Goiás. Afinal, em quase 40 anos, trabalhou com 14 juízes e fez muito em sua carreira. “Tinha juiz que acatava o que eu dizia, nem queria fazer inspeção no local.” E fazia de tudo: citação, reintegração, orientava quem não tinha advogado, resolvia o que pudesse. “Era uma Justiça que resolvia. Nome e palavra tinham outro peso.”

Foi também vereador por cinco mandatos, comissário de menores por 18 anos, promotor ad hoc algumas vezes. “Na minha época, juiz mandava fazer citação até em Brasília!”. Casado duas vezes, pai de 10 filhos, avô de 22 netos e bisavô de 4, hoje mora sozinho e é pastor evangélico. Dos filhos, apenas dois não fizeram ensino superior e duas escolheram o Direito, para o orgulho do pai.

Nas suas próprias palavras, muito simples e sempre muito gentis, ele mesmo se define. “Sou muito fiel. E disciplinado. Só falho culto se não tiver mesmo.” E isso vale para qualquer compromisso.

Sebastião ainda é lembrado por onde passa, desde uma criança que o reconhece na rua aos antigos amigos que se lembram dele deixando o carro descer na banguela para entregar mandado em qualquer rincão. Quem conviveu com ele, sabe: o cumpadi Có fez e faz história. Uma história de justiça, coragem, disciplina e fé.

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