Neste artigo, o professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Angelo Cavalcante fala sobre a importância histórica dos sindicatos na vida das trabalhadoras e dos trabalhadores em todo o mundo. No texto, ele destaca que a atuação dos sindicatos foi responsável por defender a integridade física e moral de mulheres que eram vítimas de assédio nas empresas.
Ao comentar o artigo, o presidente do SINDJUSTIÇA, Fabrício Duarte, contextualiza a campanha REAJA! neste cenário de defesa dos direitos dos Servidores. “A campanha REAJA! é protagonista local, trazendo abordagem holística daquilo que há de ser combatido no serviço público. Produz movimentos e ações que se alinham na necessidade de se encarar os crimes, práticas, hábitos e cultura a serem combatidos individualmente e coletivamente em prol da saúde mental, física e espiritual das pessoas vítimas dessas mazelas e ofensas que tornam nossa sociedade doente, dividida e prejudicada coletivamente”, afirma. A campanha REAJA! é espaço seguro, proativo e positivo para travar debates a respeito desses temas que estão diretamente interligados e que não podem prosseguir sem o devido trato e olhar da sociedade e do poder público”, completa.
Leia o artigo na íntegra.
Por Angelo Cavalcante – Economista e cientista político, é professor doutor (USP), e atualmente é professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara-GO
Importa!
O sindicato é seu, tem seu jeito, sua cara e sua malemolência; anda na sua velocidade, no seu ritmo, na sua ginga e no seu nível de compromisso e vínculo com o próprio sindicato.
Sindicatos, reparem bem, fazem todo o sentido aqui, nos Estados Unidos, na Rússia ou na China!
Até na China?
Sim… Aliás, diferentemente do que a estupidez brasileira defeca pelas redes sociais, greves correm soltas e em todo o tempo na “ditadura” chinesa!
É que sindicatos ainda fazem sentido como faz sentido a ideia de classe, suas lutas, emancipação humana, alienação, estranhamento e povo.
Soberania não existe em abstrato e só tem razão de ser no palco concreto de disputas e empenhos internacionais; antes, no entanto, o país tem que se alinhar em torno de projetos de vida e de futuro.
Por isso, os sindicatos são importantes!
Leis trabalhistas no Brasil não vieram da benevolência de Vargas, Juscelino Kubitschek, Goulart ou Lula… Lutas duras a envolver comunistas, anarquistas e sindicatos foram feitas por muito tempo e esses direitos que temos, décimo terceiro, licença maternidade, pecunios por insalubridade e conquistas outras saíram inexoravelmente do ferro, do fogo e do sangue de gerações inteiras de lutadores sociais.
Sindicatos importam porque a vida é regra como o trabalho vem em bem primeiro lugar.
A inteligência silenciosa, tática e estratégica de trabalhadores coletivos levou algum sossego e recursos para a intimidade do seu lar; conduziu benefícios aos seus pais e filhos, livrou você de berros e gritos de diretores e capatazes de fábricas, indústrias e unidades de produção.
Ora…
Apalpar as nádegas de uma jovem trabalhadora é crime; não era… Foram os sindicatos ingleses ouvindo reclames das mulheres trabalhadoras que fizeram ecoar esse enorme drama e, que em seguida, vira lei a proteger a integridade física das mulheres no sempre arriscado ambiente de trabalho.
Na indústria automotiva da Suécia, diretores e supervisores rigorosos esculhambavam publicamente trabalhadores e que, segundo, a hierarquia, não realizavam seus trabalhos adequadamente.

Esses vilipendios aconteciam repetidas e reiteradas vezes; coube a um psicólogo atuante no RH dessa empresa a identificação de imensas ausências desses trabalhadores por, é claro, depressão ou por doenças de fundo nervoso.
Bom… Esses constrangimentos explícitos geram, é claro, adoecimentos!
Estava criado, pois, o conceito de “assédio” no ambiente de trabalho; os sindicatos europeus, em uníssono, assumiram essa bandeira. O termo hoje é global e faz todo o sentido aos trabalhadores do mundo.
O todo-poderoso, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, responde para mais de sessenta processos, o que inclui diversas denúncias de estupro; péssimo pagador e não cumpridor de acordos mínimos, coube ao sindicato de trabalhadores do setor imobiliário norteamericano ferrar-lhe com grande parte desses processos.
É que o sindicato importa, mesmo que você não acredite, que você não goste ou não se anime com essas coisas de “comunistas”.
É certo que você precisa ler aquele artigo, corrigir tantas e quantas provas, arrumar o cabelo, fazer as unhas, preparar seu passeio para com aquela pessoa tão especial mas, não se esqueça, seu sindicato importa e quando você estiver estirada, deleitada em sua quente e aconchegante cama saiba que um representante, um líder sindical estará, justamente nesse momento, elaborando formas, propostas e ideias para que você seja respeitado, considerado e valorizado.
No seu justo e bom descanso, um “romântico” sindicalista estará conspirando contra o Estado e seus amos do capital porque você…
Você, cara pálida, é o sentido, a essência e o centro de toda essa luta.
Por isso, meu caro, minha cara… Não se esqueça… O sindicato importa!
Participe!
Angelo Cavalcante
E-mail: angelo.cavalcante@ueg.br