Servidores e servidoras da Justiça participaram na tarde desta quarta-feira, 18, do Seminário Saúde do Servidor: Aspectos Mentais e Físicos, realizado pelo SINDJUSTIÇA, no Auditório José Lenar, no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). O evento integra a Campanha REAJA!, lançada pela entidade em março, e que durante todo o ano realizou uma série de ações contra preconceitos, intolerância e assédio. Além dos participantes no auditório, o evento foi transmitido ao vivo pelo canal da entidade no YouTube para os filiados do interior.
No mês de outubro, o foco da campanha foi o combate ao assédio laboral, sexual e moral. Para aprofundar no tema, o seminário trouxe a discussão dos efeitos do assédio para a saúde do trabalhador. Anfitrião do seminário, o presidente SINDJUSTIÇA Fabrício Duarte, falou sobre a importância da campanha para superar preconceitos. “A REAJA tem o objetivo de motivar entre nós, servidores do judiciário, uma reflexão sobre preconceito, intolerância e assédio. Embora sejamos todas diferentes, somos todos iguais”, lembrou ele.
Presente na abertura do evento, a juíza auxiliar da Presidência do TJGO, Lídia de Assis e Souza, que representou o presidente do Poder Judiciário estadual, desembargador Carlos França, lembrou que já foi servidora do Poder Judiciário antes de ingressar na magistratura e destacou a importância da programação para a promoção do bem-estar dos servidores. “O combate ao assédio é uma política institucionalizada pelo Tribunal e tem sido abordado constantemente”, afirmou Lídia, reforçando o compromisso do órgão com a pauta.
SAÚDE
O seminário trouxe para o debate o nutricionista e educador físico Leandro Ferreira, a psicanalista e doutora Elise Alves e o advogado e doutor André de Carvalho Ramos. Eles compartilharam experiências sobre o cuidado com a saúde laboral e o impacto do assédio na vida dos trabalhadores, além de terem respondido perguntas do público. O debate foi mediado pelo professor e servidor do Judiciário, Leonardo Silva, que também compõe o comitê de organização do REAJA!.
Sempre presente aos eventos, ele ressaltou a importância de falar dos aspectos da saúde do servidor, sempre relegada nos debates pelas demandas diárias. “Nossa carreira no Tribunal requer estudo, requer dedicação, requer disponibilidade e quando você vê se passaram 20, 30 anos, você está se aposentando e não cuidou de você”.
O primeiro aspecto abordado no seminário foi a alimentação e o exercício físico, o combo básico do autocuidado, mas que nem sempre faz parte da rotina. O nutricionista Leandro Ferreira ressaltou a necessidade do planejamento, mudança de hábito e do equilíbrio entre o valor nutricional dos alimentos e do prazer do que consumimos. Também comentou os efeitos da nutrição funcional para atender necessidades físicas e também emocionais do paciente, com foco inclusive nos desafios apresentados dentro do ambiente do trabalho.
Já a psicanalista especialista em assédio no trabalho, Elise Alves, com doutorado em Sorbonne, na França, e servidora pública do CEREST, discutiu o direito fundamental à saúde de todos os trabalhadores e o impacto do assédio. “O que está tornando a gente adoecido no mundo do trabalho, mais do que culpabilizarmos nos a nós mesmos, o nosso corpo, é o modo da gente produzir a vida. É uma sobrecarga de trabalho, um acúmulo de estímulos e a gente não tem tempo nem de pensar no que iremos comer amanhã”.
Elise ressaltou que o ritmo e a intensidade do trabalho são adoecedores e que precisamos reconhecer os sinais de adoecimento, como sintomas físicos e emocionais que merecem tratamento e acolhimento. Além disso falou da importância da rede de apoio, de eventos como o seminário que permitam apresentar serviços e formas de atendimento para o trabalhador e de fortalecimento da saúde pública e das políticas públicas. “Temos que tornar este um assunto nosso e não um assunto particular. Este é um adoecimento que não é de um, mas de todos”.
O professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e da UNIALFA e procurador regional da República, André de Carvalho Ramos, contextualizou as relações de trabalho na área pública e na privada. “O Brasil é um país ímpar em assistência jurídica, nenhum país adota assistência universal como a gente”, lembrou o papel do serviço público e da grandeza da missão destes trabalhadores. Ele falou da sobrecarga destes trabalhadores diante de uma massa de vulnerabilizados que precisam deste acesso, mas que nem sempre têm a contrapartida do reconhecimento.
Também prestigiaram o seminário a juíza Marianna de Queiroz Gomes, responsável pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJGO, Irismar Dantas, diretor financeiro do TJGO, Paulo Sardeiro, diretor do Centro de Saúde do TJGO, e Euzicley Oliveira, servidora da Diretoria de Recursos Humanos (DRH). Também marcaram presença os diretores do SINDJUSTIÇA Cristiana Pereira, Sayuri Tanaka, Bruno Faustino e Hugo Frauzino, além de membros do comitê de organização da Campanha REAJA!.
