A CASA DO SERVIDOR DA JUSTIÇA

Servidora publica livro sobre realidade de mulheres ex-presidiárias

A servidora do Tribunal de Justiça de Goiás Kamilla Santos da Silva publicou livro com sua tese de mestrado defendida junto à Universidade Federal de Goiás (UFG). A obra “Sou ex-presidiária! E agora?” foi publicada com o selo da Editora Dialética. A publicação é resultado da atuação profissional de Kamilla como assistente social no Programa do TJGO Amparando Filhos. O projeto promove visitas periódicas humanizadas de crianças e adolescentes às mães reeducandas e busca promover o vínculo familiar e social, bem como o exercício do papel parental, mesmo no período da detenção.

Foi nas visitas a casas de detenção que ela percebeu o silenciamento dessas mulheres, causado pelo cruzamento das opressões de raça, gênero e classe, somado à subinclusão como um efeito do encarceramento. “Durante as visitas à penitenciária, foi percebida a necessidade de conhecer melhor aquelas que ocupavam aquele território a fim de traçar estratégias de intervenção no que se refere ao restabelecimento e fortalecimento de vínculos daquelas mulheres com seus filhos e grupo familiar”, conta Kamilla.

Nas visitas, ela desenvolveu uma atividade metodológica intitulada “mapa da vida”, momento em que as angústias e sonhos daquelas mulheres no e para além do cárcere foram apresentados. “A intervenção demonstrou a fragilidade no atendimento socioassistencial e biopsicossocial das custodiadas na Penitenciária Feminina Consuelo Nasser (PFCN)”.

O estudo apresentado traz uma interpretação qualitativa sobre a situação de mulheres egressas da unidade. “Esta pesquisa tem, portanto, relevância no campo interdisciplinar em direitos humanos, bem como no cotidiano de trabalho com mulheres em situação de encarceramento e egressas do sistema prisional goiano.” Os dados foram adquiridos em campo com entrevistas semiestruturadas e bibliografia relativa à produção acadêmica/profissional que se refere às categorias raça, classe, gênero e criminalidade feminina de forma interseccional, assim como a autora usou referências do feminismo negro.

O livro foi organizado em três capítulos. Os dois primeiros tratam sobre as categorias conceituais que sustentam e justificam essa pesquisa. No primeiro, foram feitos apontamentos sobre a condição das diferentes mulheres, raça, classe, sexualidade e suas interseccionalidades. O segundo capítulo aborda políticas públicas, suas particularidades e a efetivação de Direitos Humanos. O terceiro e último capítulo traz uma análise dos dados a fim de buscar, na fala das egressas do sistema prisional da Região Metropolitana de Goiânia entrevistadas, os efeitos da prisão. As narrativas das mulheres foram estudadas no que se refere à necessidade de efetivação dos direitos humanos e de existência individual e coletiva em uma tentativa de garantir o lugar de fala e de dor dessas mulheres.

Para a professora Luciana de Oliveira Dias, orientadora da pesquisa, “a leitura deste livro permite reafirmar a potência da escrevivência, já que a escrita desta obra é profundamente marcada pela experiência de um eu coletivo, de um nós que diz sobre as vivências das pessoas negras brasileiras. Em um mesmo direcionamento, encontramos a reafirmação da dororidade como categoria que expressa a empatia entre mulheres negras e que irmana, em uma narrativa coletiva, as egressas do sistema penitenciário. Absolutamente convencida de sua importância, recomendo a leitura do livro, que promove uma abertura, uma liberação, para uma interlocução que é fundamental no processo de construção do mundo que queremos, mais justo, igualitário e radicalmente antirracista.”

Sobre a autora

Kamilla possui graduação em Serviço Social pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), especialização em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Brasileira de Educação e Cultura (FABEC) e Mestrado Interdisciplinar em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Integra, enquanto pesquisadora, o Coletivo Rosa Parks. Membra do Comitê de Igualdade Racial do Tribunal de Justiça do estado de Goiás (2020/2022) e do Projeto REAJA!, do SINDJUSTIÇA.

O livro está disponível no link “Sou ex-presidiária! E agora?” – Editora Dialética .


Fonte: Assesssoria de Comunicação do SINDJUSTIÇA | Ampli Comunicação
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