O SINDJUSTIÇA promoveu no último sábado (11/03) o primeiro evento ligado à campanha Reaja!, que tem como objetivo realizar ações de combate a toda forma de abuso, preconceito e assédio no Poder Judiciário goiano. O Sindicato reuniu no Clube Recreativo cerca de 150 pessoas, que participaram de uma roda de conversa com o tema Mulheres no Poder Judiciário, seguido de almoço, show e atividades de autocuidado, saúde e bem-estar.
A roda de conversa foi mediada pela Servidora Kamilla Silva, coordenadora da campanha, e contou com a participação da magistrada e coordenadora da Mulher do TJGO, Marianna Queiroz; com a integrante da Coordenação Nacional da Fenajud, Ana Carolina Lobo (Sindjus-PE); e da Servidora e psicóloga do TJGO Caroline Machado. O evento foi transmitido ao vivo pelo YouTube do SINDJUSTIÇA e pode ser revisto a qualquer tempo.
A juíza Marianna Queiroz, que além de coordenadora da Mulher do TJGO é também membro do Comitê de Equidade de Gênero do Tribunal, agradeceu o Sindicato pelo convite e o parabenizou por propor o debate sobre o tema. Marianna frisou que se encontra em um ambiente que é muito masculino ainda, que é a magistratura. E como magistrada, vivencia no dia a dia a realidade do machismo em seus atendimentos.
“Me vejo na responsabilidade de apoiar mulheres que buscam ajuda no Judiciário, dar o tratamento adequado a essas demandas, porque o machismo mata”, acentuou, ao citar números do feminicídio no Brasil e no mundo.
Ela mesma, Marianna, foi vítima de misoginia durante o seu ofício. “Em júris já fui interrompida por advogados homens que quiseram me ‘ensinar’ a fazer o meu trabalho. A mulher consegue chegar aos espaços de poder, mas precisamos estar cada vez mais ali. E precisamos nos impor e nos apoiarmos para combater esse tipo de prática e combater o machismo que está também dentro de todos nós.”
A magistrada informou ainda os canais que atualmente atendem e acolhem mulheres vítimas de misoginia no TJGO: a Ouvidoria da Mulher, a Coordenadoria da Mulher, o Comitê de Equidade de Gênero, o Comitê de Participação Feminina e o Núcleo de Inteligência e Segurança Institucional.
Caroline Machado convidou as participantes a “reagirem contra as sutilezas da misoginia” e levou as mulheres a perceberem onde e quando são vítimas de misoginia. “Acontece quando somos interrompidas pelo colega no ambiente de trabalho, quando nos tiram o crédito daquilo que fazemos, quando somos constrangidas por sermos mulheres”, destacou, abordando o risco do silenciamento do protagonismo feminino em todos os ambientes, inclusive no Judiciário. “Precisamos falar, nos dar as mãos. Temos a responsabilidade de transformar esse contexto.”
Ana Carolina, da Fenajud, destacou a importância da campanha do SINDJUSTIÇA. “O Sindicato foi muito feliz ao trazer o conceito de misoginia para o centro do debate, porque foi à raiz da questão.” A sindicalista refletiu sobre o chamado trabalho reprodutivo. “A concentração do dinheiro está nas mãos dos homens e as mulheres permanecem fazendo o trabalho não pago, como se ele não tivesse valor.”
Segundo Ana Carolina, a divisão sexual do trabalho em casa infelizmente é reproduzido no mercado de trabalho. “O que as mulheres fazem? São enfermeiras, professoras, assistentes sociais, em sua maioria, ou seja, realizam tarefas de cuidado, enquanto outras áreas são dominadas pelos homens”, frisou. “O cuidado move o mundo, mas não tem que ser uma tarefa só das mulheres. Tem o que é natural e o que é imposto a nós. O que temos experimentado é uma ofensa ao projeto de vida das mulheres.”
“A misoginia, o machismo são estruturais. Nós mulheres carregamos uma culpa enorme, enquanto não somos as únicas responsáveis, por exemplo, por educar os meninos para que eles não sejam machistas”, citou Kamilla Silva. Reforçou, também, a importância de as mulheres se apoiarem, se solidarizarem umas com as outras em seus locais de trabalho no Poder Judiciário.
Recentemente, durante a posse dos novos servidores do TJGO, Fabrício Duarte, presidente do SINDJUSTIÇA, fez uma importante fala, destacando o momento histórico que atravessamos e convocando a todos os Servidores a lutar contra a misoginia, o racismo, a homofobia, o assédio moral e sexual no trabalho, bem como a todas as formas de preconceito.
“Nossa fala, naquele momento em que acolhíamos os novos colegas, nos levou, em seguida, a idealizar a campanha Reaja!, para que esses temas pudessem fazer parte do dia a dia do Judiciário goiano. Nós temos todas essas práticas e abusos no Poder Judiciário e isso tem que acabar”, disse Fabrício no evento de sábado.
SHOW, PARCERIA E BRINDES
O primeiro evento da campanha Reaja! Contou com a participação e o apoio de vários parceiros, que cederam brindes para sorteio e também ofereceram serviços para as mulheres participantes. O Sicoob Juriscredcelg presenteou duas filiadas com uma Alexa e um kit de churrasco e colaborou com o Sindicato em toda a realização do evento.
Visando o bem-estar das Filiadas mães, o SINDJUSTIÇA providenciou a instalação de um espaço kids, com pula-pula, escorregador, piscina de bolinhas, oficina de desenhos e muito mais. Dentre os serviços oferecidos, ainda foram ofertados cortes de cabelo e medição de pressão e glicemia. E todas puderam se reunir para o almoço com feijoada completa.
A manhã foi coroada com show da cantora e Servidora Filiada Mara Cristina. Acompanhada de banda, Mara cantou sucessos do samba, pagode, do pop nacional e do forró. No intervalo do show, várias Filiadas foram presenteadas com brindes ofertados pelos parceiros.
O SINDJUSTIÇA registra e agradecer o apoio dos seguintes parceiros: Sicoob Juriscredcelg, Café Rancheiro, Senac, Coop Segurança, Uniodonto, CR Organizações de Eventos Ltda, Maison Telma, Mega Jóias, Lua & Sol, Farmácia de Manipulação Bela Fórmula, Uniótica, Laboratório Modelo, Aprimori Estética. Panuti, Laboratório Núcleo e Laboratório Modelo. Agradece também o Tribunal de Justiça, por meio da Coordenadoria da Mulher, pela parceria.
Confira mais fotos e vídeos sobre o evento em nosso Instagram.
