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O servidor público aposentado e seu legado

Por Fabrício Duarte de Sousa e Cristiana Maria de Abreu Pereira *

Estudos das Nações Unidas (ONU) mostram que a população de idosos deve duplicar até 2050, chegando a 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo. No Brasil, em especial, o envelhecimento vem acompanhado do empobrecimento desse grupo populacional e de enormes desafios para os sistemas previdenciários. Apesar de tratar objetivamente da vida daqueles com mais de 60 anos, o tema impacta toda a sociedade. Afinal, queremos ter o direito de envelhecer. Mas, como garantir qualidade de vida e segurança social em um País que vê a sua pirâmide populacional se inverter tão rapidamente?

As mudanças demográficas necessitam ser acompanhadas de amplo planejamento, tanto por parte do Poder Público, quanto por parte da sociedade civil organizada. É preciso garantir autonomia financeira para quem trabalhou a vida toda, não só a partir da remuneração, mas também garantindo reajustes e outros benefícios que permitam aos aposentados ganhos reais e compatíveis com a economia atual. Precisamos jogar luz nesta pauta e fortalecer a luta dos aposentados.

Mas, não é só a aposentadoria que garante a qualidade de vida das pessoas idosas. Precisamos que a sociedade também repense a inserção, o acolhimento e as oportunidades para quem envelheceu. Não deveria ser possível que, ao avançar a linha do tempo, o acesso aos serviços e às oportunidades passassem a ser mais difíceis. Mas é o que acontece na prática.

Se você já ouviu a frase “isso não combina com sua idade” ou “você está velho demais para isso”, você certamente foi vítima de etarismo ou ageísmo, termos que já foram catalogados pela Organização Mundial da Saúde, sendo capazes de abalar a saúde física e mental das pessoas idosas.

O preconceito etário torna mais difícil o acesso das pessoas a novas oportunidades, seja no mercado de trabalho ou nos estudos, nos serviços de saúde e no lazer, todos eles essenciais para uma vida com mais qualidade. Culturalmente, no Ocidente fomos ensinados a associar a velhice a algo desgastado, ultrapassado e descartável. Enquanto em outras culturas, o velho é digno de reverências por causa da sua sabedoria, a nossa sociedade descarta este conhecimento e coloca estas pessoas à margem da convivência. Este isolamento adoece, diminui a autoestima e dificulta a visibilidade deste grupo, formado por pessoas como nossos pais e avós. Um grupo do qual um dia pertenceremos.

É preciso urgentemente fortalecer a presença dos idosos na sociedade, a partir de uma representação efetiva no Poder Público e nas instituições, a fim de que eles tenham voz em pautas importantes, sejam ouvidos e acolhidos e, a partir da sua presença nesses espaços, garantam avanços sociais que beneficiem toda essa população.

Neste 17 de junho, celebramos o Dia do Funcionário Público Aposentado e é preciso, antes de parabenizá-los, dar espaço e voz a quem tanto fez por todos nós.

*Fabrício Duarte de Sousa é presidente do SINDJUSTIÇA e Cristiana Maria de Abreu Pereira é vice-presidente para Assuntos de Previdência e Inativos


Fonte: Rota Jurídica
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